Um amor que nunca foi
Abriam uma garrafa de vinho, era o interregno deles nas maratonas de amor. Ele contava as suas histórias, alegre como um miúdo enquanto recordava memórias do passado, ela sorria, mais embriagada pelas palavras dele do que pelo vinho. Naqueles momentos sentiam-se jovens, leves, longe de todos os problemas e obrigações. Só existiam eles, aquele momento, nada os podia afetar. Davam gargalhadas, brincavam, partilhavam... mais íntimos naquele momento do que quando faziam amor, porque era aqui que as suas almas se abriam uma para a outra e não apenas o seu corpo.
Era destes momentos que ela sentia mais falta. Aquela sensação de felicidade plena, de que a vida finalmente fazia sentido e estava tudo bem com o mundo. Ver a alegria nos olhos dele, a forma como a olhava, ouvir a sua voz, sentir o seu calor e o seu carinho. Sim... sentia falta de tudo nele, mas era nestes momentos que eram mais felizes... (continua)