V.
Eu cometi um erro... aliás cometi vários, mas o maior de todos foi achar que um dia ia deixar de te amar. Acreditar que este sentimento que crescia e pulsava dentro de mim, um dia iria embora como veio. Pensar que eu seria capaz de abrir mão da felicidade que me trouxeste, da alegria com que salpicaste a minha vida e os meus dias.
Não me arrependo, como poderia, se és tudo que sonhei e mais? Todos os momentos que passámos juntos ficaram gravados em mim, cada toque, cada beijo, cada palavra, como fonte de água fresca que sacia a minha sede de amor. Procuro respostas nas estrelas, converso com a lua e faço pedidos ao mar. Peço ao vento que te leve os meus beijos e ao sol que nos ilumine. Quando me deito imagino o teu corpo encostado ao meu, o teu calor e o teu carinho. Fecho os olhos e imagino que estou a encostar o rosto na curva do teu pescoço e te respiro, continuas a ser o meu oxigénio favorito. Tenho conversas longas contigo em que te digo tudo o que fica por dizer, tudo que não tenho coragem de verbalizar e sonho contigo para apaziguar as saudades que me engolem.
Quis tanto acreditar, tanto, tanto que acreditei. Quis crer que as histórias de encantar eram possíveis e foram. Quis que fosses o meu príncipe e és. Quis viver aquele amor único e belo que todos procuramos e vivi.
Mas como se volta atrás? Como se recua de uma vida em que o nosso coração está pleno, completo, preso na mais livre loucura, para o antes? Para os dias em que havia um vazio, uma estagnação e dureza de sentimentos que cobriam a verdade que ia lá dentro? Como se passa de ter tudo, para perder o tudo que se encontrou?
Sabes, eu não te esperava. Não esperava que o teu sorriso me desarmasse, que o teu carinho colocasse por terra anos e anos de defesas bem montadas. Não esperava que o teu amor curasse a dor que trazia cá dentro, que o teu corpo me fizesse conhecer o meu como nunca conheci. E acima de tudo não esperava que os teus lábios soubessem ao meu destino e os teus braços sentissem como o meu lar.
Se tudo isto faz sentido? Não, provavelmente, não. Se é aceitável? Possível? Desejável? Também não. Se é o que me deu a mim sentido, se é o que eu desejo, aspiro e almejo todos os dias? Então aí a resposta é, definitivamente, sim...
Seja qual for o nosso destino, não me arrependo. Sem ti nunca saberia que algo assim é possível. Que podemos nos sentir tão completos com alguém sem termos que deixar de ser nós próprios. Que um amor sem tabus, sem barreiras é possível e que o sempre e só, só a nós pertence. Deixaste de acreditar ou talvez eu te tenha desiludido... seja qual for a resposta, a única coisa que espero é que nunca te arrependas.