A Verdade...
As mentiras que contamos a nós próprios! As ilusões que alimentamos na nossa cabeça, porque a realidade, às vezes, é dura demais! Sim, não vale a pena viver uma mentira, fugir da realidade, mas todos nos protegemos como podemos, todos fazemos o melhor que sabemos. Há alturas na vida, que não temos forças para encarar a verdade, mesmo quando estamos fartos de a ver.
Viramos as costas, fingimos que não vemos, não ouvimos, não percebemos o que é tão dolorosamente óbvio. Mantemos a mentira, a ilusão por mais uns dias, meses, anos... sempre à procura da força e coragem para a enfrentar. Em busca da capacidade para dizer "Basta, eu sei, eu já percebi, não vale a pena mentir mais".
Por vezes, a ilusão é tão mais doce que a solidão e o sofrimento que acompanham a verdade. Mas as lágrimas estão lá na mesma... só não nos permitimos chorar para não quebrar a ilusão. A dor permanece dentro de nós à espreita, como uma ameaça subtil, pronta para nos atacar quando menos esperamos.
Dizem-nos que não adianta, que a verdade sempre nos irá apanhar, que estamos apenas a protelar o inevitável e, racionalmente, sabemos isso. "A verdade te libertará", não é esse o lugar comum que todos repetem. Pois... mas qual é a tua verdade? Qual será a libertação que vem do sofrimento de se perder algo ou alguém que nos é tão querido? Lugares comuns não se aplicam quando se trata de assuntos do coração, não fossemos nós tão magnifica e ricamente diferentes.
Não, hoje a verdade não me libertará, porque eu ainda não tenho forças para a enfrentar. Talvez um dia a consiga encarar e dizer "Estou pronta para ti" ou talvez alguém a imponha sem eu ter uma escolha ou opinião. A vida tem o seu tempo, o nosso caminho as suas paragens e cruzamentos, mas o destino está lá à nossa espera, paciente e magnânimo, para os receber os seus filhos... com ou sem dor.